9.8.09

Literatura em família

Meu amor pela escrita nasceu em casa. Foram meus pais que me deram os primeiros livros, e foi vendo eles lendo que eu percebi que aquilo podia mesmo ser um prazer. Nenhum conselho é mais poderoso que o exemplo.

Depois teve a escola. Eu fui estudar no Andrews na 1a série, com seis anos, e nessa época a gente tinha "aula de biblioteca", ou seja, um tempo da semana pra passar ali, no meio dos livros, escolhendo o que quisesse ler, sem obrigações nem trabalhos pra fazer depois. Foi meu segundo passo nessa relação de amor pela leitura.

Então os livros foram virando um vício, e com uns oito anos eu descobri na biblioteca da escola a série Inspetora, que me tirou do ar por uns tempos. Eram as aventuras de uma turma de adolescentes numa fazenda perto de uma cidade do interior, e a cada livro eles desvendavam casos mirabolantes. Os livros eram cheios de emoções, de aventuras, daqueles que não dá pra largar, e o melhor é que eram muitos livros, então o prazer daquilo era quase infinito! Eu levava os livros pra casa, mas cheguei num ponto em que qualquer pausa era desculpa pra ler, e passei muitos recreios na biblioteca, nem aí pra correria lá fora, me divertindo com as peripécias daquela turma.

Quando eu comecei a dizer poesia, aos 18 anos, o primeiro poema que escolhi decorar foi o "Caso do Vestido", do Drummond, que eu lembrava que meu pai adorava. Só depois de estrear nesse ofício que eu exerço até hoje descobri que o amor do meu pai por aquele poema tinha sido herdado do pai dele, meu avô Valério, que adora quando eu digo ele ainda hoje a pedido da vovó em festas de família.
Foi um pouco antes disso que eu descobri que a literatura existia na família não só na ponta de quem lê mas também na de quem escreve. Minha tia, Nilza, escreveu livros infantis que foram lançados quando eu já era adolescente, então só fui ler mesmo o que ela escreveu quando ela lançou seu primeiro romance, "Um deus dentro dele, um diabo dentro de mim", que é bom assim como o título sugere.

Depois disso ela escreveu muito, lançou pela Record "Dorme querida, tudo vai dar certo", "Elas querem é falar", além de contos em coletâneas e reedições dos livros infanto-juvenis. Nós duas fizemos Letras, nós duas escrevemos, duas gerações de mulheres falando através do papel, uma em verso, outra em prosa.

E agora ela está dando cursos bacanérrimos e eu, que depois que me formei não tenho estímulo pra estudar mais nada, digo que se for pra fazer um curso que seja com uma professora legal assim, talentosa e criativa! E como não fui eleita pelo povo assumo o nepotismo - que aliás reina na família sem pudores, e ainda bem - e indico com vontade!










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