14.7.10

esta noite escrevo

quando chove e você fica preso entre latarias e luzes derretidas
quando o vermelho é a cor da noite
quando a comida na barriga não curte o espetáculo
e o ponto de gatilho no nordeste das costas te cutuca

de repente uma voz de homem avisa
"eu tive uma onda de comunicacao"
e o amor que não se faz naquela sala naquela hora
brilha muito mesmo assim, na ausência

a ausência não é falta, outro homem me diz
mas as roupas sem mais uso no armário não querem saber de poesia
todo o tempo do mundo em que se amou alguém vai doer um dia
cada palavra, cada segundo

eu prefiro essa dor - longe, longe, muito longe
eu quero essa dor do amor demais
eu quero a inevitável dor do fim - mais, muito mais
que a infinita dor do não

Nenhum comentário: